Um procedimento rotineiro em consultórios de ortodontia é a expansão rápida da maxila (o osso onde estão implantados os dentes superiores), também conhecido como disjunção maxilar. Porém, pode ser um pouco assustador para os pacientes e os pais, pois é considerada uma alteração brusca para os padrões da ortodontia, causando modificações quase que imediatas na dentição do paciente.
Saiba o que acontece durante esse procedimento e entenda mais.
A necessidade da expansão rápida da maxila
O procedimento de expansão rápida da maxila (ou disjunção) pode ser indicado por alguns motivos. Um deles é a mordida cruzada posterior, que é a situação em que os dentes de trás superiores estão cruzados com os inferiores, mordendo por dentro.
Também é utilizada na falta de espaço na arcada dentária; a expansão maxilar deixa o arco mais largo, e com isso, provê mais espaço para o posicionamento dos dentes. A expansão rápida da maxila também pode ser usada pelo ortodontista em procedimentos de tração reversa da maxila em pacientes com deficiência do crescimento maxilar. Ela é utilizada geralmente para “soltar” a maxila e permitir que ela possa ser tracionada (puxada) para frente. Finalmente, é um procedimento muito utilizado em pacientes portadores de fissuras lábio palatinas, que têm um desenvolvimento dessas estruturas prejudicado.
O que acontece durante a expansão rápida da maxila?
A maxila é um osso composto por duas partes, a maxila direita e a esquerda. Até a idade de 10 anos aproximadamente, ela é unida por uma cartilagem, mais mole que o osso. Na década de 60, descobriu-se que as maxilas podem ser separadas enquanto ainda não estão calcificadas através de um aparelho ortodôntico específico. Esse aparelho contém um torno na sua parte central, ativado algumas vezes por dia, que promove uma força grande para os padrões ortodônticos, separando as duas partes da maxila.
Ao final da separação, novo osso e cartilagem serão formados nessa região, unificando novamente as duas maxilas em uma só.
Esse procedimento só pode ser feito em crianças que ainda não têm as maxilas calcificadas em uma só. O movimento é bem rápido, durando poucas semanas. Após isso, é muito importante que o aparelho seja mantido no lugar ou que um outro tipo de aparelho seja usado para evitar que a expansão seja perdida, pois é um tipo de movimento muito instável (geralmente o que vai rápido na ortodontia, volta rápido).
A expansão rápida da maxila dói?
Geralmente não há dor significante. É comum uma sensação de pressão nos dentes, que pode se estender pela face e centro do nariz. Essa pressão se dá pela força do aparelho sendo distribuída aos ossos da face, mas é comum e não deve preocupar os pais.
Porém, devemos ficar atentos para casos de compressão do palato (céu da boca), pois em casos raros, pode haver lesões devido à compressão de aparelhos ortodônticos que usam acrílico para se apoiar nessas regiões. Em caso de queixas de dor na mucosa do palato, o ortodontista deve ser informado.
Outros efeitos da expansão rápida da maxila
Um dos efeitos que acaba assustando alguns pais é o surgimento de um espaço (diastema) entre os incisivos superiores. Como cada incisivo está posicionado em uma maxila, é esperado que eles se movam juntamente com os ossos. Isso na verdade é um sinal de que a expansão está ocorrendo bem.
Após a finalização do procedimento e formação de novo osso na região, o espaço tende a fechar-se naturalmente.
Quantas vezes devo ativar o aparelho?
Os aparelhos de expansão rápida da maxila utilizam um torno, uma espécie de parafuso na sua parte central. Através de uma chave, esse torno pode ser aberto, aplicando uma força sobre os ossos. Os protocolos de ativação variam de profissional para profissional e de tratamento para tratamento, mas geralmente são pelo menos duas ativações diárias.
É importante que seu ortodontista acompanhe o procedimento
Devido as ativações serem diárias, os pais do paciente ou o próprio paciente terão que fazê-las, mas o ortodontista precisa acompanhar esse procedimento de perto, pela velocidade com que a movimentação ocorre. Normalmente, o acompanhamento é feito através de consultas semanais.
É fundamental que o paciente não falte à essas consultas, e caso falte, que procure orientação do ortodontista antes de continuar com as ativações do aparelho.
Outro ponto importante é o uso de um aparelho de contenção ou de aparelho fixo após a expansão rápida da maxila, pois é um movimento instável e a maxila tem a tendência de voltar a sua forma original rapidamente.
A expansão rápida da maxila pode ser feita em adultos ou adolescentes?
Sim, mas não da maneira tradicional. Nesses casos a sutura já está calcificada e um aparelho ortopédico para expansão maxilar sozinho não conseguiria romper a sutura, podendo até ser prejudicial e lesivo para o paciente. Em casos de pacientes adultos que necessitam se submeter à expansão rápida da maxila, precisamos do auxílio da cirurgia, para romper cirurgicamente a sutura entre as duas maxilas e após isso realizar-se a ativação do aparelho.
Cirurgião-dentista, especialista em ortodontia pela ABO-GO com 10 anos de experiência. Mestre e doutorando em ciências da saúde pela UFG. Professor nas universidades Fasam e Integra, membro da diretoria da Associação Brasileira de Ortodontia (ABOR-GO). Credenciado no sistema Invisalign e apaixonado por ensino, música e tecnologia. Artigos publicados neste blog, sites e revistas científicas.