A ortodontia nas redes sociais: Esse artigo foi originalmente publicado nos jornais Diário da Manhã em 30/10/16 e O Hoje em 28/10/16
A ortodontia nas redes sociais
- Os ortodontistas devem ter embasamento para fazer afirmações nas redes sociais.
- Imagens antes e depois não são recomendadas pelo código de ética.
- Assim como divulgação de preços, serviços gratuitos e modalidades de pagamento.
- Consultas on-line não substituem uma consulta com um especialista.
- O honorário do ortodontista é não apenas referente aos custos de tratamento, mas principalmente, seu conhecimento.
- A Associação Brasileira de Ortodontia e Ortopedia Facial (ABOR) é uma referência quanto as questões profissionais e dispõe de uma ferramenta de busca de associados.
Meu avô foi ortodontista até o final de sua vida, numa época em que a informação era valiosa e escassa. Ele assinava o Jornal Americano de Ortodontia, que chegava no Brasil com três meses de atraso. Hoje, muita coisa mudou. A informação continua sendo valiosa, mas, ao contrário da escassez enfrentada por profissionais de saúde como meu avô, ela é rápida, abundante e, de certa maneira, até mesmo excessiva.
Graças a internet, o ortodontista tem à sua disposição artigos científicos publicados ao redor do mundo praticamente no instante em que são veiculados. Os pacientes também estão mais bem informados e não é raro que venham ao consultório já munidos de informações disponíveis em blogs ou redes sociais. Porém, é preciso se perguntar: essa informação, muitas vezes divulgadas por profissionais, é sempre baseada em evidência científica sólida?
Ao divulgar conhecimentos, seja por meio de blog, Facebook ou Instagram, o ortodontista tem a obrigação ética de fazê-lo zelando pela imagem da profissão e pela qualidade da informação. Além disso, deve manter o decoro: o código de ética odontológica proíbe imagens como “antes e depois”, divulgação de preços, serviços gratuitos ou modalidades de pagamento. E mais importante: evite divulgar técnicas sem comprovação científica.
Com o auxílio das redes sociais, jamais os ortodontistas estiveram tão próximos dos pacientes, levando informações importantes sobre prevenção, tratamento e a desconstrução de mitos.
Ao optar por divulgar para o público tendências e novidades, o ortodontista está dispendendo pro bono o que de mais valioso pode oferecer: seu conhecimento. Esse é um gesto nobre para a profissão e para o profissional, uma atitude voltada para o coletivo e o bem maior. Porém, o especialista que se dispõe a usar a rede social para tratar de informações relativas à ortodontia puxa para si a responsabilidade de estar atualizado cientificamente e de responder pela informação que divulga.
O paciente tem o direito de se informar por quaisquer meios que julgar necessários sobre seu tratamento. Mas deve-se lembrar que nada substitui a consulta realizada por um profissional capacitado. Já o ortodontista tem o dever de se manter atualizado e de fornecer para seu paciente informação válida e confiável.
O honorário do ortodontista (e por sinal, de qualquer profissional da área de saúde) é merecido não apenas por seu tempo e trabalho, mas também, e mais importante, pelo conhecimento que adquiriu para realizar sua profissão. Conhecimento que, apesar de hoje ser uma comodidade disponível em abundância, ainda vale ouro.
Alexandre Fausto da Veiga Jardim é cirurgião-dentista especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial e mestrando em Ciências da Saúde pela UFG, é também membro da Associação Brasileira de Ortodontia e Ortopedia Facial – ABOR.
Cirurgião-dentista, especialista em ortodontia pela ABO-GO com 10 anos de experiência. Mestre e doutorando em ciências da saúde pela UFG. Professor nas universidades Fasam e Integra, membro da diretoria da Associação Brasileira de Ortodontia (ABOR-GO). Credenciado no sistema Invisalign e apaixonado por ensino, música e tecnologia. Artigos publicados neste blog, sites e revistas científicas.