Essa semana não tem postagem no blog, ao invés disso, participei de uma entrevista que foi ao ar no site do Terra abordando a relação entre ortodontia e trauma dentário.
Criança: dentes inclinados para frente sofrem mais trauma
A matéria foi baseada em dois estudos recentes, das Universidades de Manchester na Inglaterra e Sapienza, na Itália. As conclusões dos estudos são bem interessantes:
- O trauma dentário é o segundo problema dentário mais frequente em crianças, seguido de cáries.
- Crianças com dentes protruídos e inclinados (para frente) e overjet aumentado (aumento da distância entre incisivos superiores e inferiores) sofriam até 3x mais traumatismos que as outras crianças.
- Meninos com idade entre 8 e 11 anos estão na faixa de risco…
- …assim como crianças que praticam esportes de impacto como lutas, basquete, futebol, etc.
- Os autores estimaram que de 1990 a 2014 houveram aproximadamente 235 000 000 (sim, milhões) de dentes traumatizados atribuídos a um overjet aumentado.
Um outro problema sério é que dentes traumatizados que passam por tratamento ortodôntico podem sofrer reabsorções radiculares com maior intensidade. A reabsorção radicular é um efeito colateral frequente e de certa forma já esperado no tratamento ortodôntico. É um processo em que a raiz do dente sofre uma remodelação e encurta. Não é preocupante em pequena quantidade, mas pacientes que sofreram trauma podem sofrer reabsorções mais extensas, ao ponto de precisarem de interrupção do tratamento ortodôntico em casos severos. É importante sempre relatar para o ortodontista qualquer trauma prévio ou durante o tratamento ortodôntico.
Apenas essa estatística não quer dizer que dentes para frente necessitam de tratamento ortodôntico precoce preventivo, ainda mais quando levamos em conta somente o risco de trauma. Devem ser levados em conta também aspectos estéticos, o impacto psicológico da aparência da criança no seu meio social e as alterações funcionais citadas acima que afetam o desenvolvimento facial.
Há sim, em crianças com dentes excessivamente projetados e que praticam esportes de impacto, como lutas, futebol, basquete, entre outros, maior indicação de tratamento. Mas o custo-benefício, não só financeiro, mas também biológico deve ser avaliado pela família do paciente e pelo ortodontista.
Confira a matéria completa no site do Terra clicando na figura abaixo e leia a matéria da semana passada sobre os efeitos do trauma dentário no tratamento ortodôntico!
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Cirurgião-dentista, especialista em ortodontia pela ABO-GO com 10 anos de experiência. Mestre e doutorando em ciências da saúde pela UFG. Professor nas universidades Fasam e Integra, membro da diretoria da Associação Brasileira de Ortodontia (ABOR-GO). Credenciado no sistema Invisalign e apaixonado por ensino, música e tecnologia. Artigos publicados neste blog, sites e revistas científicas.