Uma importante ferramenta de pesquisas foi disponibilizada para ortodontistas de todo o mundo, a coleção Legacy da Fundação da Associação Americana de Ortodontia. Essa é uma coleção sem igual, são registros longitudinais de crescimento crâniofacial de 9 universidades dos EUA e Canadá, podendo servir de controle para incontáveis estudos e agora de fácil acesso.
Conheça mais sobre a coleção
A importância da pesquisa para a ortodontia
Estudos clínicos são fundamentais para o desenvolvimento de técnicas e tecnologias na área de saúde e a Ortodontia não é diferente. Esses estudos têm um grande valor, pois se encontram à partir dos patamares médios para os elevados da pirâmide de evidência científica, e são uma peça chave na Abordagem Baseada em Evidências que é hoje o modelo ideal de trabalho em qualquer profissão da saúde.
Se pararmos para pensar, toda técnica utilizada em um consultório ortodôntico se iniciou de alguma hipótese, as mais consagradas passaram por inúmeros estudos e testes até serem validadas para a ortodontia. Um procedimento simples, como a ativação de um disjuntor, ou procedimentos modernos e complexos como mecânicas que envolvem mini-placas, foram exaustivamente estudados e pesquisados até serem divulgados para a classe profissional.
Todo ortodontista em algum ponto da vida vai ter que prestar uma contribuição científica à sua comunidade, seja através da sua Monografia de especialização ou, para os que seguirem nessa direção e se aprofundarem mais em pesquisa, através de artigos, estudos, teses de mestrado e doutorado.
Estudos clínicos randomizados são o segundo patamar de maior evidência científica, tendo grande valor. Para um estudo clínico controlado, é necessária uma amostra não tratada, um grupo controle, com o qual se compara os resultados de um grupo que passou por um procedimento ou teste.
O crescimento é peça chave no tratamento ortopédico e ortodôntico e muita da pesquisa feita nesse século e no passado se dedicou a entender o crescimento do nosso crânio. Quem já fez algum estudo nessa área sabe como é difícil encontrar um grupo controle para pesquisas. Agora a American Association of Orthodontists Foundation disponibilizou uma ferramenta de valor inestimável para nossos pesquisadores:
AAOF Legacy Collection
Acessível para qualquer profissional da ortodontia sem nenhum custo pelo endereço www.aaoflegacyccollection.org, contém registros de centenas de pesquisas, incluindo cefalogramas, radiografias intraorais, de punho, modelos de estudos e registros escritos detalhando o desenvolvimento de crianças de diferentes etnias e tipos de crescimento. Além disso algumas coleções contam com estudos com implantes (como os utilizados por Björk) e apenas de gêmeos.
São mais de 750 pacientes não tratados, com registros variados e em várias épocas da vida obtidos entre 1930 e 1985, uma época quando não se tinha conhecimento dos efeitos deletérios da radiação. Hoje em dia uma coleção dessas é impossível de existir, o que a torna única. A partir desses registros, já foram publicados centenas de artigos nas revistas científicas mais conceituadas.
Centros de pesquisa de crescimento
Os centros que participaram dessa coleção são:
- Bolton-Brush Growth (a maior coleção de estudos de crescimento do mundo)
- Burlington Growth
- Denver Growth
- Iowa Growth
- Fels Longitudinal
- Forsyth Twin (uma coleção de registros apenas de gêmeos)
- Mathews Growth (uma coleção de registros usando implantes)
- Michigan Growth
- Oregon Growth
As pesquisas pelos bancos de dados podem incluir operadores como classe dentária, sexo, idade do paciente nos registros e cerca de 26 medidas cefalométricas e suas variações.
Lembrando que se o material for usado em alguma pesquisa, deve-se citar a fonte!
Cirurgião-dentista, especialista em ortodontia pela ABO-GO com 10 anos de experiência. Mestre e doutorando em ciências da saúde pela UFG. Professor nas universidades Fasam e Integra, membro da diretoria da Associação Brasileira de Ortodontia (ABOR-GO). Credenciado no sistema Invisalign e apaixonado por ensino, música e tecnologia. Artigos publicados neste blog, sites e revistas científicas.