Antes de começar seu tratamento ortodôntico, você deve ajudar seu ortodontista com informações que possibilitem que ele faça um plano de tratamento seguro e que atenda as suas expectativas.
Separei nessa lista 10 informações que sempre peço aos meus pacientes e que me ajudam muito a fazer um tratamento melhor e que os deixem mais satisfatórios.
Se você pensa em começar um tratamento ortodôntico ou já começou, ajude seu ortodontista também a te dar melhores resultados!
1. O que você quer
Isso mesmo. Mais pessoas do que você imagina aparecem no consultório de um ortodontista sem realmente saberem o que estão fazendo lá. Existem pacientes que não perceberam que tem algum problema ortodôntico, mas foram indicados por colegas. Existem pacientes que simplesmente querem “colocar aparelho”, sendo que o tratamento ortodôntico não deve ser feito sem indicações, pois é um tratamento com custos e efeitos colaterais.
É importante que você diga, sem se preocupar com termos técnicos, o que te incomoda no seu sorriso especificamente. Diga se tem algum dente torto, se tem algum desconforto, alguma coisa que imagine que prejudique a estética. O seu ortodontista só pode te ajudar a resolver seu problema se ele souber qual é.
2. O que você espera do seu tratamento ortodôntico
Se você sabe o que quer, deve também falar o que espera ter. Mostre ao seu ortodontista as suas expectativas. Isso é extremamente importante. A ortodontia é um tratamento na maior parte das vezes estético e como dizem “a beleza está nos olhos de quem vê”.
Por ser algo extremamente subjetivo, seu ortodontista precisa saber tudo o que é esperado dele e do tratamento. Isso porque a ortodontia possui limitações e o nosso tratamento só é tão bom quanto a expectativa do nosso paciente. Então se você possui expectativas que seu ortodontista imagina que não consegue suprir, é importante que isso seja discutido previamente ao tratamento para que não hajam desapontamentos futuros.
3. Você é capaz de manter um compromisso?
Você deve ter em mente que o tratamento ortodôntico é um grande compromisso, tanto no aspecto financeiro como de tempo e sacrifícios pessoais. Vão haver desconfortos e incômodos.
Antes de assumir esse compromisso, você deve informar seu ortodontista se está realmente pronto para isso.
Obviamente que imprevistos podem acontecer, mas um planejamento de tempo e de custos por parte do paciente é importante.
Por parte do ortodontista, devem ser dadas todas as informações necessárias para ajudar o paciente a tomar as decisões que importam para seu tratamento.
4. Já fez algum tratamento ortodôntico anteriormente?
Você já usou aparelho ortodôntico antes? Por quanto tempo? Como foi o resultado?
É importante que seu ortodontista saiba de tratamentos ortodônticos prévios. Há quanto tempo foram e durante quanto tempo.
É importante que ele saiba o motivo inicial que te levou a usar aparelho ortodôntico e se o tratamento foi bem sucedido ou não (e por que não foi?).
Além do mais, o problema foi resolvido e voltou depois? Ficou estável?
Tudo isso se relaciona a recidiva do tratamento e a um maior risco de reabsorções radiculares.
5. Insatisfação com forma ou cor dos dentes
Se você tem alguma queixa estética relacionada a forma e cor de dentes e gengivas, informe seu ortodontista. Ele pode acrescentar ao seu plano de tratamento procedimentos estéticos relacionados a periodontia e dentística (especialidades que tratam das gengivas e estética dos dentes).
Problemas que podem se encaixar nesse tópico:
- Dentes grandes ou pequenos demais
- Coloração insatisfatória dos dentes
- Muita gengiva aparecendo durante o sorriso
- Alterações na forma da gengiva que possam te incomodar
6. Você já esteve em algum acidente?
Uma pergunta praticamente padrão na primeira consulta mas que pode vir de muitas formas.
- Já bateu os dentes da frente?
- Lembra de alguma queda onde bateu a boca?
- Pratica esportes de impacto (lutas, basquete, etc)?
- Já passou por anestesia geral ou foi entubado(a)?
Tudo isso é uma investigação por parte de seu ortodontista para saber se você já sofreu algum traumatismo nos dentes (especialmente os da frente). Dentes que sofrem trauma têm mais risco de sofrer reabsorção radicular com mais intensidade. Um efeito colateral do tratamento ortodôntico.
Por isso, é importante que você informe seu ortodontista sobre traumatismos antes ou durante o tratamento ortodôntico.
7. Tem problemas respiratórios?
Problemas respiratórios afetam o desenvolvimento das arcadas. Essa pergunta é mais importante no caso de crianças, já que estão no processo de desenvolvimento da sua face.
Problemas que se encaixam nessa categoria:
- Alergias respiratórias
- Asma
- Bronquite
- Pólipos
- Inflamações frequentes de amídalas e adenóides
- Bloqueio de vias aéreas superiores (respiração bucal)
- Ronco a noite e crianças que dormem de boca aberta
- Hábitos como chupar dedo
8. Tem alergias?
Além das alergias respiratórias mencionadas acima, é importante que você diga se tem alergia a metais que tocam a sua pele.
Mais frequente em mulheres, a dermatite de contato pode ocasionar irritações e reações nos lábios e bochechas. Pacientes que tem um histórico de alergia ao contato de metais são um grupo de risco para desenvolver este problema.
9. Falando em crianças…
Se você está levando seus filhos ao ortodontista, é importante que ele saiba como se comportam.
Eles vão bem na escola? Geralmente são disciplinados e obedientes?
Não, nós não vamos julgar seus filhos nem a maneira como se comportam. Mas é importante sabermos o grau de cooperação que podemos esperar de uma criança no tratamento ortodôntico.
Crianças são pacientes muito especiais, pensam e se comportam diferentemente dos adultos. Isso pode influenciar muito no tipo de aparelho ortodôntico a ser utilizado e na técnica escolhida.
Se soubermos de antemão que há uma chance baixa da criança cooperar com o tratamento, tentaremos opções que não dependam tanto dela. Dessa maneira o tratamento é mais rápido, há menos atritos entre a criança e o ortodontista e o resultado final é melhor.
10. Estalidos e barulhos na articulação
Se você sofre com cliques, estalidos ou zumbido na região próxima ao ouvido, informe ao seu ortodontista. Apesar de não ser a área da ortodontia, ele pode te encaminhar para um especialista em disfunção têmporomandibular para tratamento.
Dores de cabeça como a cefaléia tensional também podem ser avaliadas por esse profissional.
Cirurgião-dentista, especialista em ortodontia pela ABO-GO com 10 anos de experiência. Mestre e doutorando em ciências da saúde pela UFG. Professor nas universidades Fasam e Integra, membro da diretoria da Associação Brasileira de Ortodontia (ABOR-GO). Credenciado no sistema Invisalign e apaixonado por ensino, música e tecnologia. Artigos publicados neste blog, sites e revistas científicas.